Projeto Educação Ambiental e Biossegurança: Entrevista com Rhuan Vieira de Souza - Engenheiro Ambiental e Agente de Endemias

Não é raro ouvirmos ou lermos sobre a importância do tratamento do lixo na preservação da natureza. Também vimos que esse pode ser um caminho para geração de renda e emprego. Por isso não é surpresa que Especialistas e autoridades governamentais discutam o que fazer com o lixo produzido, numa quantidade cada vez maior, por nós. Por exemplo, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) está fazendo um levantamento junto aos 139 munícipios tocantinenses sobre a construção de um Plano Municipal de Resíduos Sólidos. Apesar de ser um Munícipio pequeno, o tratamento do lixo é uma questão preocupante em Lajeado. Sobretudo por estarmos localizados numa área de proteção ambiental. Para ajudar na discussão em torno dessa temática conversamos com Rhuam Vieira de Souza - Engenheiro Ambiental e Agente de Endemias da Prefeitura Municipal de Lajeado.

1- Como é o processo de tratamento do lixo em Lajeado, desde a coleta a sua destinação?

A coleta dos resíduos sólidos em Lajeado é feito três vezes na semana. Sendo que nas Segundas, Quartas e Sextas são coletado os resíduos domésticos. E nas Terças e Quintas são coletado os resíduos de galhadas e de construção civil. Feito a coleta do lixo doméstico ele é levado para um local de transbordo que fica localizado no antigo lixão. Onde os resíduos é acondicionado até que se tenha um volume maior para dai ser levado até uma Usina em Porto Nacional, pelo próprio Caminhão Coletor Compactado. Chegando ao aterro sanitário os resíduos são pesados e triados até a vala com solo impermeabilizado, onde o lixo é descarregado e recebe mais uma compactação através do trator de esteira, ficando no ambiente até a sua decomposição. O chorume produzido pelos resíduos são coletados por canaletas, sendo levado até uma lagoa de estabilização onde passa por um processo de descontaminação.

2- A que pé está a discussão sobre a mudança de local da Usina de Compostagem?

Então, com o aumento da população Urbana de Lajeado ficou inviável manter o lixão em Lajeado onde ele está hoje. Pela população e também pela quantidade de lixo produzido no nosso munícipio ser baixo, cerca de 60% do lixo é material orgânico. Podendo ser todo ele feito através de compostagem. O caminho que o Poder Público Municipal vem tomando é levar nossos resíduos para outro Munícipio, que tem aterro sanitário licenciado com capacidade de trabalhar nossos resíduos sem prejudicar o Meio Ambiente. Uma vez que construir uma Unidade de Triagem e Compostagem ou um Aterro Sanitário ficaria inviável do ponto de vista Econômico e Ambiental. A maneira mais simples e barata é buscar parcerias com outros Munícipios para criação de um Consórcio Intermunicipal para está sendo depositado o lixo em um aterro único. Lembrando que o antigo lixão de Lajeado será desativado e feito um processo de recuperação de área degradada.

3- Como você vê a reciclagem como fonte de renda. Há algum projeto desenvolvido nesse sentido no Munícipio?

Uma das partes importantes da reciclagem é justamente retirar do lixo o sustento de várias famílias carentes. Que através da reciclagem pode transformar um material que não tinha utilidade em algo útil e ter um ganho por isso. As famílias que exercem essa atividade tem um papel importante, principalmente para o Meio Ambiente. A ideia para o próximo ano é identificar as pessoas que dependem da reciclagem de alguma forma e uni-las e dar um caminho para criação de uma Associação de Catadores ou até mesmo inseri-los numa Cooperativa de Catadores para assim aumentar os seus ganhos.

4- Se por um lado temos a responsabilidade do poder público. Por outro temos a necessidade de colaboração por parte da população. Há alguma ação do poder público que trabalha isso?

As ações que o poder público vem tomando é basicamente trabalhar com Educação Ambiental. Que a parte mais importante é trabalhar a educação ambiental tanto com a população como com as Unidades Escolares, em prédios públicos. Temos também que tirar da população essa cultura de jogar lixo no chão, fazer a separação dos resíduos, implementar a lei dos três R, que é: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Saber da importância dos resíduos. Para assim podermos implementar um sistema de coleta seletiva, onde funciona na prática o sistema de reciclagem e de reuso de materiais descartáveis. 

5- Do ponto de vista da Saúde quais as consequências para população, quando não há um tratamento adequado do lixo?

Então, o não tratamento adequado do lixo pode causar sérios danos a Saúde da população, principalmente aqui em Lajeado. Por ter um lixão próximo a população, pode vim ocasionar problema a saúde dessas pessoas que moram no seu entorno. Uma das principais doenças que nós temos, de conhecimento de todos é a dengue, a zika, chikungunya, leptospirose. A própria leishmaniose doença que vem crescendo muito no nosso Munícipio, principalmente, principalmente por que o vetor que transmite a doença utiliza-se de matéria orgânica morta, em decomposição E o que mais temos no nosso lixão, é matéria orgânica em decomposição, isso ajuda muito na produção desse vetores que pode está transmitindo esse tipo de doença. Principalmente para os nossos animais e para a própria população. Outro fator que prejudica a Saúde é a queima do lixo e pode conter substância tóxicas podendo está contaminando o ar e aumentando o número de internações por asma, bronquite, insuficiência respiratória. Percebe-se que os danos a Saúde são várias. Poderia citar aqui muitas outras doenças.

6- Para finalizar, qual mensagem, dicas, você nos deixaria para que possamos contribuir com a destinação correta do lixo?

A principal mensagem que eu deixo aqui. As Unidades Escolares ao meu ver tem um papel fundamental para conscientização e destinação correta dos resíduos. A principal contribuição que a Unidade Escolar pode oferecer é o trabalho de Educação Ambiental com as futuras gerações. Com a Educação Ambiental que seja feita de forma prática aonde a própria Unidade Escolar tem o dever de proporcionar um sistema de coleta seletiva dentro da Unidade Escolar, com identificação das lixeiras. Criar um sistema de compostagem, envolver os alunos nessas pequenas atividades para que possa abrir a mente deles para o descarte correto do lixo e a importância do seu reuso.


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